domingo, 29 de abril de 2012

Emoções



A natureza, sempre a natureza... Choro enquanto ando, enquanto piso esta terra molhada pela chuva que cai, enquanto subo o caminho ladeado por pedras e vegetação de cheiro denso. Choro de boas emoções porque converso com Deus e sei que só Ele me entende e percebe aquilo que não consigo dizer mas sinto. E registo estes momentos com imagens por onde passei para que um dia não me esqueça onde estive, por onde andei e o caminho que percorri até lá chegar...

sexta-feira, 27 de abril de 2012

O meu pedaço de terra...



... enquanto não posso ter outro.
Entretanto, vou revolvendo este pouco terreno com as mãos e admirando com os olhos e o coração a evolução da natureza, das minhas experiências com rebentos, da minha limpeza com dedicação, da forma que vou dando a estes pedaços de terra, verde e barro que tenho comigo. Nunca saio desapontada da minha "jardinagem". Se é assim com poucos centímetros de terra, nem imagino como seria poder trabalhar e produzir em terra abundante!

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Dia de chuva

Tenho dias em que sinto que vou explodir. Sinto-me cheia de vida, cheia de energia, cheia de ideias, cheia de sonhos, sonhos tão grandes que quero tirar dentro de mim e passar para a realidade, mas nessa tentativa só vou vendo obstáculos, ouvindo nãos e sentindo o tempo a passar. Mas não desanimo. Sei que vou chegar lá. De que maneira, não sei, mas sinto que chegarei.
É um turbilhão imenso que se forma cá dentro, na cabeça e no coração, tomando a alma toda e encabeçando a vida. Como se de uma gravidez se tratasse, em que a barriga não pode crescer mais e o bebé tem mesmo de sair; em que a impaciência não pode crescer mais e se percebe que sem o bebé nos nossos braços não se é totalmente mãe.
Mas... sei lá, penso nisto tudo e penso que, se há tantas impossibilidades para o hoje, talvez hoje ainda não seja o dia do parto. Ou será que são estas as dores do parto que irão fazer explodir a vida que tem vivido no interior?
Não sei... Olho para a vida... Penso... Estou numa fase em que tenho dias que gostaria já de ser mais velha para me permitir ter a sabedoria que advém de uma vida longa e bem vivida e que nos permite realizações cheias de conteúdo que enriquecem os outros. E tenho outros em que gostaria de voltar a uma fase em que as responsabilidades não fazem ainda parte do nosso currículo. Sinto-me no limbo. Parece que já saí de uma fase mas ainda não tenho condições para chegar a outra, à outra que sei que quero mas ainda não consigo alcançar.
Importa que sei o que quero e quais as minhas prioridades. Ainda que isso passe por viver num mundo um pouco à parte, mas é um mundo no qual sou feliz e me realizo e só assim posso passar algum bem para os que me rodeiam.
Enfim, enquanto uns celebram a revolução dos cravos, eu celebro a revolução que vai dentro de mim e regozijo-me por poder viver nesta vida.

domingo, 22 de abril de 2012

Um bom dia






O meu dia encheu-se de flores, cores, sol, sombras, memórias e esperança. Um bom dia, portanto.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Viagem


Senhor, que na pressa de chegar, eu não perca a capacidade de apreciar a beleza do percurso. Obrigada...

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Os meus mimos de ontem




E que bem que me souberam. Senti-me em casa.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Girando pelas ideias


“Às vezes é preciso dormir, dormir muito. Não pra fugir, mas pra descansar a alma dos sentimentos. Quem nasceu com a sensibilidade exacerbada sabe quão difícil é engolir a vida. Porque tudo, absolutamente tudo devora a gente. Inteira.” 

Marla de Queiroz
retirado daqui

domingo, 15 de abril de 2012

A tarde foi minha

 
Foi uma tarde intensa em sentimentos e emoções. Uma tarde só minha, partilhada com Deus, da qual deixo aqui o registo. Estou a seguir a estrada. Sigo devagar. Parece que não sei o caminho, mas não, na realidade é aqui que me encontro.

 
É aqui que respiro, que cheiro, que sinto, que existo. É daqui que eu preciso. É de voltar a pertencer a paisagens que me viram crescer e continuar a crescer até conseguir ser melhor.

 
Detenho-me nos detalhes. O aroma é encantador e prende-me no momento, como se o tempo parasse. Mas não pára. A vida prossegue sempre. E prova disso são os passarinhos que não param de cantar à minha volta, entoando diversos cânticos que me alegram e me convidam a acompanhá-los. Mas aí sim, fico muda, não me atrevo a desafinar a perfeição.


Paro muitas vezes. Para absorver tudo o que me envolve, é preciso parar e respirar, fechar os olhos e acreditar. Porque toda esta luz, ar fresco, sons e aromas me fazem sentir viva, bem viva e confiante.


 
O ribeiro vai sem água. O inverno foi seco e por isso eu só posso imaginar como será caminhar ou conduzir nesta estrada acompanhada de um ribeiro caudaloso, a seguir selvagem sei lá ainda para onde. Mas um dia vou descobrir...

 
Não serão as pedras do caminho que me vão impedir de prosseguir nas minhas descobertas. Até porque adoro estes muros de pedra que me fazem lembrar histórias antigas de um tempo que já não volta mas aonde é possível ir buscar o que é genuíno e autêntico. Isso carrego em mim.

 
Chove copiosamente. E eu paro mais uma vez, quieta, a olhar, a esperar, a ouvir. O sol espreita. Esconde-se outra vez atrás das nuvens, confundindo-me, prometendo brilhar mas mandando chuva. Tudo é tão bonito. E eu gosto tanto da chuva...

 
Os vidros do carro vão ficando embaciados. Só Deus me ouve nesse momento. Só com Ele consigo falar e tudo o que consigo sentir é... amor.

 
 Amor porque, apesar das curvas, é o Pai quem endireita os meus caminhos...

 
 Amor porque, apesar do piso molhado, é Ele quem me segura e me mantém em equilíbrio.


 
 E assim, feliz, quando a chuva pára, saio para fora para sentir todos os pingos que caem das árvores molhadas e varejadas pelo vento. Está frio. A água é fria. Mas a lentidão da água a escorrer e a formar pingos nas pontas das folhas prende-me a atenção. Porque tudo é encantador.


Encantador. Sinto-me uma criança e é como criança que quero permanecer, sem nunca perder este fascínio pelo simples.



Na volta, mais sol e mais chuva. Em poucos minutos, o tempo muda a toda a velocidade. Mas, no meio do sol, semicerro os olhos diante do brilho límpido da natureza.
 



E no final ainda sou abençoada com um arco-íris.


Estão a ver ali a ponta dele, já meio a esfumaçar? É lá que dizem que se encontra o pote de ouro. Está perto e é para lá que me dirijo. Se o encontrei? Espero contar-vos em breve....

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Um viva para os morangos!

Cresci no tempo em que frutas e legumes se comiam na sua estação própria. Fora da sua época, vivia-se o resto do ano a pensar em morangos, pêssegos, nêsperas, tomates, feijão verde... A batata tinha o seu período para saber a nova e só depois envelhecia o sabor, e o mesmo acontecia com o azeite. Ai, o azeite...
Hoje, no tempo das estufas e dos químicos e produção em série e rápida, poucos já são os alimentos que suscitam aquele impacto da primeira vez. Há de quase tudo durante todo o ano. Sem o verdadeiro sabor e aroma da época, é verdade, mas quase tudo nos está disponibilizado ao alcance de uma mão e de uma moeda no supermercado. É por isso que, quando chegam os morangos, a emoção da primeira vez instala-se. E é com alegria que constato que o meu filho também sente este prazer da primeira vez todos os anos por esta altura, quando aparecem os primeiros morangos e como ele os adora! Será que um dia também vai recordar que no tempo dele existiam alguns alimentos que se ansiavam durante todo o ano e que se saboreavam durante um curto período, mas cujo sabor se prolongava para lá do tempo?

terça-feira, 10 de abril de 2012

Saboreando um chá...


“Ah, os poemas são tão pouca coisa quando os escrevemos cedo. Devia-se esperar e acumular sentido e doçura ao longo de toda uma vida e esta ser tão longa quanto possível, e então mesmo no fim dela, talvez se pudesse escrever dez linhas que fossem boas. Pois os versos não são sentimentos (esses têm-se cedo que baste), – são experiências.”
- rainer maria rilke in os cadernos de malte laurids brigge
retirado daqui

domingo, 8 de abril de 2012

Páscoa Feliz!


sexta-feira, 6 de abril de 2012

Ao cair da tarde

Da minha varanda avisto a tarde que cai. As nuvens estão cinzentas e as primeiras luzes dos candeeiros lá ao fundo começam a acender-se. Não está frio. Apetece pousar os braços no parapeito da janela e ficar quieta, a inspirar o momento. Daqui vejo pedaços de campo que as pessoas ainda cultivam, vejo borralheiras no outono e inverno, ouço ovelhas e galos, vejo pessoas a andar de bicicleta e atravessar os caminhos a pé. O apelo da natureza torna-se irresistível para mim neste momento e o bulício que vai cá dentro prende-se com o facto de não a poder abraçar ainda como quero. Impossível desistir de sentimento assim quando esta ligação à terra se faz urgente, quando todo o ritmo da natureza se impõe e me toma, quando o milagre do nascimento se oferece, quando a felicidade do sustento alcança os braços que trabalham.

Da minha varanda também ouço o chilrear dos passarinhos. Aos poucos vou-me apercebendo dos diferentes cantos, aos poucos vou conseguindo diferenciá-los. E é uma felicidade indescritível quando um pássaro simpático pousa à minha frente e levanta voo e torna a pousar e dança numa árvore e canta, feliz por ter uma canção.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Para alegrar a nossa casa-de-banho



segunda-feira, 2 de abril de 2012

Anseios

Do mais íntimo de mim brota uma inquietação que não me deixa, como um zumbido de um enxame sempre constante, como asas a bater a um ritmo alucinante e sem descanso.


Em cada fase dramática da minha vida, quando parece que me sinto presa, quando parece que ao meu redor tudo é uma prisão, tudo o que tenho de forte dentro de mim abre alas em direcção a um novo caminho e a cabeça não pára até encontrar uma solução, a solução que esteve sempre escondida no coração, talvez só à espera do momento certo de vir à tona. São os sonhos adormecidos a tomar forma.


Eu bato à porta... Encosto o ouvido, atenta a alguma voz... Nada, por enquanto...


Espreito lá para dentro... Mas nada também...


Nem uma luz se acende para me indicar a direcção certa.


Tudo o que sei é que tenho este sonho bem cravado em mim, a arder na pele e na alma. E ainda que ele não se realize para já, todo o desejo, todo o anseio, toda a expectativa, toda a espera, todo o caminho já me ensinaram muita coisa.


Caminho já calcorreado por outros, histórias vividas que perduram através dos tempos, vidas entregues ao que de mais precioso se pode encontrar e a que as pessoas chamam paraíso. Já valeu a pena este pequeno percurso, que me tem feito perceber que...


...não vou desistir até a minha vida encontrar uma nova cor...



... e um novo ninho, onde finalmente o meu íntimo encontre descanso para esta inquietação e onde o zumbido incessante das incansáveis abelhas dê lugar ao doce saborear do mel. E ainda que bata à porta e por enquanto ela permaneça fechada, e espreite pela janela e tudo permaneça escuro lá dentro, sei que no dia próprio tudo se abrirá. E vivam os sonhos!